Poucos servidores e muito descuido!
Somos as mãos do Evangelho que cura
Foto: Joka Madruga
No início de seu ministério, Jesus vê um povo sem direção numa sociedade oprimida, de gente inquieta, de vida modesta, sobreviventes do sistema dominante, cheia de líderes religiosos exploradores, com múltiplas carências materiais e existenciais, sofrimentos, leis escrupulosas e injustas. Anda nas periferias e sente o drama dos cegos, dos doentes, dos leprosos, das mulheres, dos sedentos por uma resposta que alivie a dor e lhes dê esperança. Foi precisamente para essas ovelhas tristes que se fez homem. Decidiu construir seu projeto em conjunto, chamando doze corações mundanos, errantes, pecadores, porém abertos ao reino.
Anunciou-lhes que o reino de Deus está próximo, aliás, bem dentro de cada de um. O reino é uma realidade porque Jesus já veio para mudar as concepções e redigir uma nova lei fixada na alma em tábuas de eterna misericórdia. Tem ciência dos desafios e das perseguições que culminará na sua paixão, mas leva consigo os escolhidos pelo Espírito que darão sabor ao ministério e farão emergir pelos séculos a Boa Nova habitada no caminho com o Mestre. Poucos, temerosos, inseguros, mas o suficiente para fermentar a fé e espalhar a semente de Cristo que atrai não apenas curiosos, mas amantes fiéis.
O chamado de Jesus é sempre inédito para um encontro de amor que tira o ser humano de seu lodo cruel e lhe dá espaço para ser luz e sabedoria. No convite aos discípulos nos encontramos todos com nossas limitações e ausências, somos habitados pelo desejo de permanecer com Ele e construir uma história de serviço e comunhão. O Senhor nos dá o poder para vencer o mal e cuidar das almas com zelo e virtudes. Existimos como cristãos para servir à vida que ressuscita em Cristo. Somos as mãos do Evangelho que cura, purifica e expulsa as tramas do maligno para que a compaixão reine.
Nessa messe de conflitos e sonhos somos essenciais! Nos vastos pastos sem pastor, somos a presença e a bênção consoladora. Nas maquinações dos sistemas egoístas e prepotentes, somos o farol de Cristo que luta pela dignidade de quem é sagrado. Eis nossa missão como cristãos, somos outro Cristo. Vem e segue-me!
Pe. Nilton Cesar Boni, cmf
Missionário Claretiano, sacerdote, formador do Filosofado Claretiano em Belo Horizonte/MG
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