O deserto para o povo de Deus

Entre a escravidão e a terra prometida havia um deserto

Foto de Tomáš Malík no Pexels

Por Joka Madruga

Os hebreus viviam em situação de escravidão no Egito, porém Deus sabia daquela conjuntura e resolveu agir para libertá-los (Ex 3,8). Para esta tarefa escolheu, e preparou, Moisés como a grande liderança popular que os tiraria daquela situação degradante (Ex 3,10). E assim fez o filho adotivo do Faraó, cruzando o Mar Vermelho até chegar à Terra Prometida. Porém, tiveram que enfrentar o deserto.

Apesar do clima árido e as grandes dificuldades enfrentadas, foi no deserto que o povo aprendeu, como dizemos hoje em dia, na pele a sobreviver e a compreender a vontade de Deus. Desafortunados, tiveram sede e fome (Ex 16,3); enfrentaram doenças; momentos de vitórias, mas também de derrotas; conflitos entre as lideranças e delas com o povo e do povo com o Senhor.

Mas foi um momento de afirmação da fé e perseverança na busca de um mundo novo, onde todas e todos pudessem ser felizes e manter sua descendência. No deserto, Deus revelou seu nome e apresentou os mandamentos de Sua lei. E foi lá, num clima seco, cheio de perigos, animais peçonhentos e feras famintas que YHVH fez a Aliança com seu povo (Ex 19,5).

O povo não foi abandonado, pois Deus providenciou água (Ex 17,6) e alimentos (Ex 16,16). Apesar do sofrimento, a messe foi protegida durante todo o tempo que esteve no deserto, mesmo nos momentos de dúvidas, das quais temos nos dias atuais, e saíram fortalecidos.

Tanto sofrimento como a pandemia, um sistema econômico perverso que aniquila a dignidade humana, o egoísmo e tantos outros males nos faz também questionar, assim como fizeram (Ex 17,7), onde está Deus? Contudo, não podemos desanimar. A fé de que algo melhor está por vir é o que nos mantém vivos. E esta insistência na busca da liberdade plena deve ser cheia de compaixão e caridade, pois diante de todos os mandamentos o maior é “amar a Deus e uns aos outros”.

Joka Madruga é repórter fotográfico, estudante de teologia e membro da Comissão de Comunicação da Arquidiocese de Curitiba