A história de Nossa Senhora Aparecida
Padroeira do Brasil e mãe dos brasileiros
Não se sabe ao certo a origem da pequena imagem da Virgem Maria – com apenas 40 centímetros de altura – encontrada nas águas do rio Paraíba do Sul, em 1717, pelos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia. Primeiramente, eles teriam tirado das águas o corpo da imagem, e em seguida, a cabeça. Após os pedaços terem sido colocados dentro do barco, os três conseguiram encher suas redes com uma quantidade abundante de peixes.
A devoção à pequena imagem mariana se popularizou no Brasil por influência dos colonizadores portugueses, especialmente os missionários franciscanos, grandes propagadores da imaculada conceição da Virgem Maria. Sabe-se, ainda, que no final do século XVII, os primeiros bandeirantes que passaram pelo Vale do Paraíba a caminho de Minas Gerais levavam consigo imagens sacras.
Segundo informações do Centro de Documentação e Memória do Santuário Nacional de Aparecida, peritos constataram que a imagem primitiva era colorida, tinha a pele do rosto e das mãos brancas, um manto de cor azul escuro e o forro vermelho granada. Essas eram as cores oficiais, conforme determinação do Rei Dom João IV, em 1646, quando tornou Nossa Senhora da Conceição padroeira do Reino de Portugal e seus domínios. Acredita-se que a imagem perdeu a pintura original com deterioração causada pela água e a lama contida no fundo do rio. A coloração escura também se deve à fumaça das inúmeras velas acesas pelos devotos, especialmente nos primeiros anos de devoção.
Em 22 de agosto de 1822, 15 dias antes da proclamação da Independência do Brasil, Dom Pedro I visitou Aparecida e prometeu, diante da imagem, consagrar o Brasil a Nossa Senhora, caso resolvesse favoravelmente a situação política que enfrentava com a coroa portuguesa. Anos mais tarde, em 1843, o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Teresa Cristina também visitaram a Capela de Aparecida para rezar diante da imagem.
Em 1868, a Princesa Isabel, herdeira do trono brasileiro, participou das festividades de Aparecida, na época celebrada no dia 8 de dezembro, Solenidade da Imaculada Conceição. Acompanhada de seu esposo, o Conde d’Eu, a Princesa rezou para obter a graça de ter um filho. Como sinal de devoção, ela doou um manto ornado com 21 brilhantes, representando as 20 províncias do Império, mais a capital. Em 1884, a Princesa voltou a Aparecida, com seus três filhos, para agradecer a graça recebida, oferecendo, dessa vez, uma coroa de ouro 24 quilates, de 300 gramas, cravejada de brilhantes.
Essa foi a coroa com a qual a imagem da Padroeira do Brasil foi coroada, em 1904, por decisão de São Pio X, que a declarou Rainha do Brasil.
No jubileu de prata da coroação, em 1929, os participantes do Congresso Mariano realizado em Aparecida decidiram pedir ao Papa Pio XI que ela fosse também proclamada Padroeira do Brasil, e ele assim o fez em 16 de julho de 1930: “Constituímos e declaramos a Beatíssima Virgem Maria concebida sem mancha, sob o título de Aparecida, Padroeira principal de todo o Brasil diante de Deus. Concedemos isto para promover o bem espiritual dos fiéis no Brasil e para aumentar cada vez mais a sua devoção à Imaculada Mãe de Deus”.
A solenidade na qual se oficializou o decreto papal ocorreu em 31 de maio de 1931, quando a imagem mariana pela primeira vez deixou o Santuário em Aparecida e foi levada ao Rio de Janeiro, então capital do País. As palavras de consagração foram proferidas pelo Cardeal Sebastião Leme, então Arcebispo do Rio de Janeiro: “Senhora Aparecida, o Brasil é vosso! Rainha do Brasil, abençoai a nossa gente! (…) Senhora Aparecida, o Brasil vos ama, o Brasil em vós confia! Senhora Aparecida, o Brasil vos aclama! Salve, Rainha!”.
Desde 1980, por força do decreto federal 6.802, o dia 12 de outubro é feriado nacional para o culto público e oficial a Nossa Senhora Aparecida. Tradicionalmente nessa data e em dias próximos, os devotos lotam o Santuário Nacional, muitos a partir de romarias, algumas feitas a pé.
A primeira capela dedicada a Nossa Senhora Aparecida seria construída apenas em 1740, sendo substituída por outros templos maiores ao longo das décadas para abrigar a crescente quantidade de devotos. A Basílica Velha foi inaugurada em 1888. Já a atual basílica teve a pedra fundamental abençoada em 1946 e obras iniciadas em 1955. Em 1980, o altar foi consagrado por São João Paulo II e, em 3 de outubro de 1982, aconteceu a transladação da imagem original da Basílica Velha para o novo templo, iniciando definitivamente as atividades religiosas na nova basílica.
Fonte: Portal O São Paulo
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