Muticom: ecologia integral e comunicação
- Joka Madruga

- 19 de set.
- 3 min de leitura
Evento em Manaus terá formato inédito inspirado nos rios amazônicos e na sinodalidade; participantes vão produzir documento coletivo com propostas concretas para a comunicação na Igreja

A 14ª edição do Mutirão de Comunicação (Muticom), que acontece de 25 a 28 de setembro de 2025 em Manaus, está sendo organizada como um verdadeiro “ajuri” – termo regional para mutirão –, convidando os participantes não apenas a ouvir, mas a construir coletivamente propostas de ação comunicativa frente à emergência climática.
De acordo com Osnilda Lima, assessora da Comissão para a Comunicação Social da CNBB e uma das coordenadoras do evento, que conversou com o Fraterno72.net durante o 2º Congresso de Comunicação da CRB Nacional, a expectativa é que esta seja a edição mais colaborativa já realizada.
“Vamos para um multirão não só para aprender, mas também para ensinar e se comprometer com ações”, afirmou.
A metodologia foi pensada para promover convergência de saberes. Pela manhã, painéis com interação; à tarde, os participantes se dividirão em 12 “rios temáticos” – nomes inspirados nos afluentes do Amazonas –, onde, em grupos menores, debaterão e formularão proposições.
“Todo participante tem algo para ensinar. Queremos que todos tenham espaço para propor e provocar reflexões”, explicou Osnilda.
O objetivo final é produzir um material coletivo, que poderá ser um livro, uma cartilha ou outro formato definido pelo próprio mutirão, com orientações para ações comunicativas em comunidades, paróquias e territórios.
Comunicação a serviço da Casa Comum
Sob o tema “Comunicação, Ecologia Integral, Transformação e Sustentabilidade Justa”, o Muticom 2025 responde diretamente ao apelo do Papa Francisco nas encíclicas Laudato Si’ e Laudate Deum. “Como a comunicação pode ajudar a pensar, propor e conscientizar sobre o cuidado da Casa Comum, que está quase num ponto de não retorno?”, questionou ela.
O evento pretende enfrentar este desafio reunindo não apenas agentes de pastoral, mas também pesquisadores, estudantes e militantes socioambientais. “São olhares diferentes que convergem para algo comum: o cuidado e a proteção da nossa Casa Comum”, destacou.
Acolhida solidária e cultura do encontro
Um dos aspectos mais marcantes desta edição será a acolhida solidária: cerca de 450 inscritos serão hospedados por famílias e comunidades religiosas de Manaus. “Isso é um resgate muito importante. Quando sentamos juntos e dialogamos, percebemos que temos mais pontos de convergência do que divergência”, observou Osnilda.
A prática, segundo ela, é também um antídoto à cultura do ódio e um exercício da “cultura do encontro” proposta pelo Papa Francisco.
Encerramento simbólico no Encontro das Águas
O encerramento do Muticom acontecerá de forma simbólica e poética no encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Todos os participantes embarcarão juntos para uma celebração que representará a convergência das diversidades em busca de um objetivo comum.
“Na simbologia dos rios, as águas não se misturam imediatamente, mas seguem corrento até que não se distingue mais uma da outra. Essa é a metáfora do que queremos viver: diferentes saberes convergindo para a mesma missão”, explicou.
Preparação e subsídios
Como preparação para o Muticom, o Grupo de Reflexão em Comunicação da CNBB produziu um subsídio sobre comunicação e ecologia integral, que será lançado em 16 de setembro e estará disponível no site do evento.
Quem não puder participar presencialmente poderá acompanhar as discussões pelas redes sociais (@mutiraodecomunicacao) e pelo site muticom.com.
“O mutirão já começou. E continuará depois de setembro”, convida Osnilda.
“Todos são bem-vindos a esse ajuri pela comunicação que cuida da Casa Comum”.














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