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Foto do escritorJoka Madruga

Confissão das virtudes

A maioria das pessoas vem para se autoelogiar e/ou terceirizar as culpas.

O Sacramento da Confissão deveria se chamar “Sacramento das Virtudes”, pois há muito que está em crise devido à pobre catequese a este respeito. É fato de que as pessoas não sabem confessar porque desconhecem a matéria do pecado. É válido o incentivo às confissões comunitárias e individuais, mas sem catequese, torna-se um evento para “aliviar a consciência” ou cumprir um preceito. Ouço mais virtudes no confessionário do que pedido de perdão sincero, consciente e comprometido com a mudança de vida. A confissão é um ato de entrega à misericórdia divina que passa pelo exame transparente da própria verdade.


O Catecismo da Igreja (1849-1850) diz que “o pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a reta consciência, falha contra o verdadeiro amor para com Deus e para com o próximo, por causa dum apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana. Foi definido como «uma palavra, um ato ou um desejo, contrários à Lei eterna»”. A maioria das pessoas vem para se autoelogiar e/ou terceirizar as culpas. Falam do bem que faz, de suas perfeições, das práticas cristãs, falam dos pecados alheios, usam os célebres chavões: “só não matei e não roubei, do resto fiz tudo”, “pecado todo mundo tem”, querem desabafar suas carências e conflitos, mas desviam do essencial. Em outras palavras, não sabem ou não querem encarar o pecado de frente. Às vezes chegam com listas prontas escrupulosas vendo pecado em tudo, repetem confissões com os mesmos dizeres, mas não fixam os olhos em Jesus.


Onde está o problema e a solução? O problema está na pobreza formativa em nossas comunidades, na catequese doutrinária sem vivência, na fuga em não refletir temas atuais que ferem a dignidade humana. A solução está na formação da consciência crítica confrontando a vida com a vontade de Deus e a responsabilidade neste processo formativo é de toda a Igreja. É preciso atualizar o exame de consciência baseado numa visão reducionista dos 10 mandamentos que esquece das modernas formas de pecar. Oxalá cheguemos às virtudes, passando por um caminho de conversão pautado em uma mística penitencial coerente. Paz e bênçãos!

Por Pe. Nilton Cesar Boni, cmf

Missionário Claretiano, sacerdote, formador do Filosofado Claretiano em Belo Horizonte/MG

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