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Foto do escritorJoka Madruga

Pés e pão: dons da glória

A presença real de Jesus é amor, serviço que cura a humanidade ferida, redenção e libertação.

Foto: Cathopic


A bela liturgia da quinta-feira santa abre o Tríduo Pascal apresentando dois momentos unidos entre si: o lava-pés e a eucaristia; serviço, gratidão e memória. Na tradição bíblica, “o pé é um dos lugares simbólicos mais importantes do corpo, representa a força da alma, designa o caráter da pessoa; anatomicamente a planta do pé lembra uma semente, um feto recurvado sobre si mesmo; são nosso começo e fim, nos levam à nossa identidade. No lava-pés, Jesus busca curar os pés da humanidade ferida. Jesus cuida dos pés dos seus amigos, age como um terapeuta exercendo a purificação e o acolhimento. Jesus se fez carne, se fez pé” (Evaristo de Miranda, O Corpo).


Quando Jesus se abaixa para servir, leva em consideração o sofrimento daqueles homens, pois os ama e sabe que estão com medo. Suas almas estão em conflito. Jesus lava o passado de cada um e inaugura o presente. Podemos afirmar que esse gesto de Jesus é a resposta para o desequilíbrio da humanidade. Primeiro ele trata da semente com amor para que o resto esteja à altura da graça. Em seguida celebra a ceia, parte o pão e dá o vinho. Institui o tempo das misericórdias em que a eucaristia será eterna. Este deveria ser para o cristão o momento mais consciente de encontro e compromisso.


A presença real de Jesus é amor, serviço que cura a humanidade ferida, redenção e libertação. Por isso, não se vai a Ele de qualquer jeito, oferecendo qualquer “amor”. A festa exige disposição, preparação e mistério para colher o melhor dos dons. É o momento de deixar Cristo nos lavar e purificar para que o pão tenha sabor. A eucaristia é crescimento para a vida, passando por cima das indiferenças e respeitando a dignidade do próximo.


Pés e pão se integram no altar e atraem o paraíso ao carente e sofrido de amor. Na festa da vida nova o Senhor nos dá a carne para equilibrar nosso descompasso e segurar nas mãos oprimidas trazendo-as para o centro. Na partilha do pão fraterno o melhor é quem serve. Somos a gota d’água que misturada ao fermento leveda o pão, somos a humilde sandália missionária nos pés do Senhor que passa curando e fazendo o bem.


Paz e bênçãos!

Pe. Nilton Cesar Boni, cmf

Missionário Claretiano, sacerdote, formador do Filosofado Claretiano em Belo Horizonte/MG

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