“É necessário atualizar o navegador dos nossos corações”
- Joka Madruga

- 11 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 12 de set.
Em palestra, a Prof.ª Dra. Natasa Govekar, do Dicastério para a Comunicação, refletiu sobre os desafios e a esperança cristã em um mundo digital marcado pela polarização e pela desinformação.

Na manhã desta quinta-feira, começou a 2ª Edição do Congresso de Comunicação da CRB Nacional e da CNBB.Serão dois dias de diálogo, aprendizado e inspiração para fortalecer a missão comunicacional da Vida Religiosa Consagrada no Brasil.
Em um mundo cada vez mais conectado, mas também mais dividido, como viver a esperança cristã? Esta foi a questão central da palestra “Entre o céu e a rede”, ministrada pela Professora Doutora Natasa Govekar, Diretora do Departamento Teológico-Pastoral do Dicastério para a Comunicação do Vaticano. O evento destacou a urgência de uma presença consciente e fraterna nas redes sociais, alertando para os perigos da polarização e da desinformação.
A especialista iniciou sua fala com uma provocação: “Como estar no mundo sem ser do mundo? Esta pergunta que parece ser simples, não é”. Para ela, a resposta não está em demonizar a tecnologia ou fugir dela, mas em usá-la com sabedoria e discernimento. “É necessário atualizar o navegador dos nossos corações”, afirmou, explicando que “não ser do mundo não significa não imergir nas coisas do mundo. Não há nada de mal em estarmos conectados”.
Govekar lembrou que a evangelização sempre aproveitou os meios de comunicação de sua época, como as estradas romanas no Império. No entanto, alertou que, assim como no passado, há riscos quando a fé é instrumentalizada. “O império se aproveitou disso e traz problemas até hoje, quando líderes políticos ainda se apropriam do cristianismo como ideologia para seus próprios propósitos”.
Os perigos da rede: fake news e a “bolha” digital
A diretora do Dicastério foi enfática ao destacar as dinâmicas por trás das grandes plataformas tecnológicas, que veem valor comercial em cada interação. Ela citou o documento “Plenamente Presente”, do Vaticano, que faz uma reflexão pastoral sobre o tema, e alertou:
“Muitas vezes, quando aceitamos os termos das plataformas, somos enganados. Pois o que parece gratuito é pago com nossas informações”.

Um dos grandes problemas, segundo ela, é a dificuldade de rastrear a origem das informações. “O dicastério recebe diariamente muitas denúncias de fake news sobre o Papa. Muitos cristãos medianos não sabem entrar no site do Vaticano para conferir se o que papa disse é real ou não”.
Esse ambiente, somado aos algoritmos de personalização, cria um “efeito bolha”, onde as pessoas só conversam com quem pensa igual. “Este olhar unilateral enfraquece todos nós”, disse. “Discursos agressivos se difundem com enorme facilidade e rapidez e criam um terreno fértil para desinformação. As guerras começam com as falas”.
Uma presença cristã: do silêncio à criatividade
Diante desse cenário tóxico, qual deve ser a postura do cristão? Govekar foi clara: o silêncio pode ser uma pausa necessária, mas não uma fuga. “Às vezes o que nos resta a nós católicos é ficar em silêncio e rezar. Não podemos ficar gritando mais alto que os outros”.
Ela convocou os fiéis a uma comunicação que nasce da interioridade e da caridade, lembrando as palavras de Cristo: “amar uns aos outros”.
“Quando preparamos um conteúdo, temos que perguntar: o que me leva a fazer isso? O medo de não ser visto, ou o fogo que arde dentro de mim?”.
A criatividade, para a especialista, não está na performance, mas na autenticidade e na amizade. “Antes de tudo, nos comunicamos com Deus e depois formamos equipe”. Ela finalizou com uma mensagem de esperança, lembrando o caminho de Emaús: “Quando abrimos os olhos para reconhecer Jesus, os corações ardem. A vida transforma. É disto que o mundo precisa: um coração ardoroso”.
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