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Campanha expõe o drama da fome no país

"Dai-lhes vós mesmos de comer"

Dom José Antonio Peruzzo, arcebispo de Curitiba durante o lançamento. Foto: Joka Madruga/Fraterno72


Por Sandra Nassar

Lançada nesta Quarta-Feira de Cinzas (22), início da Quaresma, a Campanha da Fraternidade 2023 expõe o drama da fome no país e chama à responsabilidade os governantes e sociedade em geral, pedindo iniciativas concretas de enfrentamento do problema. “A fome não é só um infortúnio, mas sim um drama humano vivido por milhões de brasileiros. E a fraternidade é a resposta solidária a essa situação dramática”, afirmou o arcebispo metropolitana de Curitiba, dom José Antonio Peruzzo, durante lançamento da campanha.

“A importância do tema da campanha deste ano - Fraternidade e Fome - pode ser ilustrada por uma frase do sábio russo Nikolai Berdiaev: se eu estou com fome, o problema é material, mas se meu irmão está com fome o meu problema é espiritual”, disse dom Peruzzo. Ao professarmos o nome de Deus como pai, devemos ter em mente que Deus é pai de quem está saciado e de quem está esfomeado. Se a fraternidade é parte da fé que professamos, ignorar a dor do outro é também agredir a verdade de que, como irmãos, somos todos iguais”.


O arcebispo foi enfático ao condenar o descaso com a fome, que hoje atinge mais de 30 milhões de brasileiros. “Não faltam enunciados civis, religiosos ou antropológicos sobre a temática da campanha, ou seja, a falta de reflexão não é o problema, mas a falta de disposição e isso não é crítica a esse ou aquele governo ou estado, mas há toda uma mentalidade que se tornou cultura. Papa Francisco fala da cultura da indiferença. Nós nos acostumamos a ver gente sofrendo e não nos incomodamos com isso”, destacou dom Peruzzo.


“A Campanha da Fraternidade não pretende solucionar problemas presentes na história humana desde o seus primórdios, como educação, alimentação e saúde, mas, porque são tão sérios, não podemos fazer vistas grossas a esses problemas”, afirmou o arcebispo. “E o que se quer, então, não é ideologizar ou politizar questões sérias, mas suscitar reflexões que desencadeiem também iniciativas solidárias. De outra maneira, estaríamos a fazer grandes discursos inspirados em tragédias nunca respondidas e nunca atendidas”.

Silvio Raulff Wünsch, ecônomo da arquidiocese, Salete Bagolin Bez, coordenadora arquidiocesana da CF 2023 e dom Peruzzo .Foto: Joka Madruga/Fraterno72


COLETA - A Campanha da Fraternidade, desenvolvida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde 1962, usa o tema da fome pela terceira vez. Neste ano, a campanha chama a atenção para a situação de 33 milhões de brasileiros que passam fome (levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional) e inclui em seu chamado à reflexão a tragédia humanitária da Nação Yanomami. “Tudo isso num país que é o maior produtor de alimentos do mundo”, observou dom Peruzzo.

Como gesto concreto da campanha, que vai até a Páscoa, no Domingo de Ramos, 2 de abril, haverá a Coleta Nacional da Solidariedade em todas as dioceses, paróquias e comunidades do país. Do total arrecadado, 60% ficam na própria diocese e são geridos pelo Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), com o objetivo de apoiar iniciativas e projetos locais. Os outros 40% compõem o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), que é administrado pelo Departamento Social da CNBB, sob a orientação do Conselho Gestor da CNBB.

Foto: Joka Madruga/Fraterno72


FUNDO DIOCESANO - Dom José Antonio Peruzzo participou do lançamento da Campanha da Fraternidade nesta quarta-feira, na Arquidiocese de Curitiba, ao lado do padre Eguione Nogueira Ricardo, assessor eclesiástico da Comissão da Dimensão Sociotranformadora; do diácono Antônio Bez, coordenador da Comissão da Dimensão Sociotranformadora; de Salete Bagolin Bez, coordenadora arquidiocesana da CF 2023 e do ecônomo Silvio Raulff Wünsch.


“A Campanha da Fraternidade não nos propõe só dar alimentos de imediato, é muito mais que isso, é promover a vida humana e uma vida com dignidade”, disse Salete Bez. Padre Eguione afirmou que a campanha fortalece iniciativas de combate à fome já existentes e que a proposta é formar redes de enfrentamento ao problema envolvendo toda a sociedade civil. “O Estado precisa assumir fortemente políticas de redistribuição de renda, mas a responsabilidade é de todos nós. A busca por soluções efetivas deve partir de todos”, acrescentou.

O ecônomo Silvio Wünsch e o coordenador da Comissão da Dimensão Sociotransformadora, Antônio Bez abordaram o edital do Fundo Diocesano de Solidariedade para 2023, que contemplará nos 11 municípios que compõem a Arquidiocese de Curitiba. “Os projetos aprovados vão atuar dentro da temática da Campanha da Fraternidade”, destacou o ecônomo. “Com isso, a campanha deixa de ser somente uma mobilização para arrecadar alimentos e passa a ser um momento de promoção humana”, afirmou Bez.

Foto: Joka Madruga/Fraterno72


Padre Eguione, assessor eclesiástico da Dimensão Sociotransformadora. Foto: Joka Madruga/Fraterno72


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