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Foto do escritorJoka Madruga

São Nicolau de Flüe

21 de março

Patrono da Suíça e Construtor da Paz

Nicolau (Niklaus von Flüe) nasceu em 1417, filho de Heini von Flüe e de Hemma Ruobert, em Flüeli, nas imediações de Sachseln, na região de Obwalden, na Suíça. Sachseln é o centro geográfico da Suíça, que está no coração da Europa. As cidades suíças mais conhecidas e próximas são Berna, Lucerna e Interlaken.


Nicolau se tornou um camponês. Nos seus anos de juventude, também, foi à guerra. Com quase 30 anos, ele constrói uma casa (em 1446) e desposa Dorothea Wyss (nascida em 1432), então com 16 anos. Nascem deles cinco meninos e cinco meninas. Nicolau foi conselheiro e juiz. Ele tinha o dom especial de servir de mediador entre grupos inimigos. Tomando consciência de que juízes e conselheiros eram corruptos, ele deixa os seus cargos políticos (em 1465) e entra numa profunda crise interior. Cada vez mais, busca a solidão e o jejum.


Nicolau reconhece claramente a enfermidade da sua época. Ele vê os corações das pessoas que em suas vidas particulares e públicas objetivam somente os seus proveitos pessoais. Uma vez, ele vê em um sonho a imponente montanha Pilatus afundar-se no chão: “Toda a terra se abriu e todos os pecados foram descobertos. Uma grande quantidade de gente apareceu e por detrás delas a verdade. O grande mal é o egoísmo que seduz as pessoas”.


Uma vida interior


Por um lado, está ligado à família e por outro, cresce nele a ânsia de renunciar a todos os bens terrenos. Depois de dois anos de dúvidas atormentadoras, Dorothea lhe oferece o “sim” libertador para o passo a um futuro incerto. Nicolau deixa a casa e a família, com a concordância da esposa e dos filhos, no dia de São Galo (Gallus), em 16 de outubro de 1467, então com 50 anos de idade, vestindo unicamente um hábito de penitência. Apesar da separação, Nicolau e Dorothea continuam unidos no amor. Dorothea teve um papel relevante de apoio ao santo caminho de seu marido. Ela também merece, e não menos do que Nicolau, agradecimento e veneração.


Em seu hábito de peregrino, Nicolau caminha em direção à Basiléia (Basel). Ele se detém em Liestal (a pouca distância antes de Basel): a pequena cidade lhe aparece vermelha como fogo. Nicolau conversa com um camponês que vem pelo caminho. Este o aconselha a não ir ao estrangeiro, mas sim servir a Deus em sua pátria. Nicolau passa a noite ao ar livre. Aí, lhe atinge um raio de luz vindo do céu, que lhe dói tanto como que se uma faca lhe tivesse cortado o corpo. Nicolau volta. Sem comida e sem bebida, chega ao seu povoado. Alguns caçadores o encontram nas montanhas.


Ele continua procurando, até que quatro luzes mostram a ele o lugar, no qual ele deve assentar-se: na sua própria terra, a uns cem metros da sua casa e de sua família, mais abaixo na profunda garganta de Ranft, ao lado de um riacho. Passa o inverno na pobreza e no frio. No ano seguinte, a gente da terra lhe constrói uma casinha e uma capela (em 1468). De homem do campo, Nicolau von Flüe se torna o ermitão “irmão Nicolau” (Bruder Klaus).


Desde a noite em Liestal, o irmão Nicolau vive sem qualquer alimento corporal. Jejuar, não era para ele algo extraordinário. A eucaristia era o seu principal alimento. O seu filho Hans conta que ele já jejuava quatro dias a cada semana e durante o tempo da quaresma, não comia mais do que um pequeno pedaço de pão e umas poucas peras secas por dia.


Apesar da vida de isolamento, era uma pessoa informada sobre tudo. Tinha a mente atenta e ia ao fundo das coisas. Em sua cela (ainda existente e aberta à visitação), uma janela dá para o interior da capela, no altar. A outra dá para fora, para as pessoas. Os seus conselhos vinham do mais profundo da sua alma.


Nicolau era uma pessoa de imagens (não lia, nem escrevia). Ele se concentrava, para suas meditações e orações, em um quadro formado por um círculo central e seis outros círculos ao redor desse. Em cada círculo há uma gravura com tema teológico sobre a unidade trina de Deus.


Uma vida para os outros


Muita gente procurava o irmão Nicolau em busca de conselhos: mulheres e homens, jovens e idosos, pobres e ricos. Em um tempo cheio de intrigas, o irmão Nicolau estava acima dos partidos. Sua vida convicta dava-lhe máxima autoridade moral. O irmão Nicolau contribuiu decisivamente para a paz (Tratado de Stans, 1481) na chamada Confederação, no que hoje conhecemos como Suíça. Os cantões suíços (o equivalente aos estados no Brasil) em conflito conseguem um acordo federal duradouro. Desde então, fica com a fama de pacificador e o consultam como mediador em conflitos políticos e eclesiásticos.


Em sua carta ao conselho da cidade de Berna (Bern) (1482) o ermitão disse àquele povo do que depende a paz:

“… a obediência é a maior honra no céu e na Terra, por isso, deveis aspirar serem obedientes uns aos outros. …a paz está sempre com Deus, porque Deus é a paz.”

A paz não se pode ordenar. É um presente. Os conflitos só podem ser resolvidos com pleno respeito mútuo. Não há paz sem justiça. Por isso, a paz apela ao mais profundo das pessoas e pede o nosso maior esforço. Finalmente, a paz se baseia no “ser unido”, no ser uno com Deus.


Uma vida de oração


Em 21 de março de 1487, morre o irmão Nicolau, com 70 anos. Ele foi sepultado na Igreja Paroquial de Sachseln. Ele nos deixou a sua principal oração, que o guiou por toda a vida:

Meu Senhor e meu Deus, tirai de mim tudo quanto Possa afastar-me de Vós! Meu Senhor e meu Deus, concedei-me tudo quanto Possa atrair-me a Vós! Meu Senhor e Meu Deus, tomai-me todo e fazei-me Inteiramente vosso!

Uma vida de santidade


O irmão Nicolau é essencialmente ecumênico. O ermitão adverte as nossas igrejas para não vigiar sobre as fronteiras, mas sim fundir-nos no centro. Nesse centro, na divindade trina, está o “Ser único”. É importante que vivamos verdadeiramente a partir do centro da fé.


A sua beatificação ocorreu em 1649 e a sua canonização veio em 15 de maio de 1947, pelo Papa Pio XII.


Os seus contemporâneos chamavam-no, ainda em vida, como “um santo vivo”. A sua fama se estendeu por toda a Europa. O poeta suíço Heinrich Federer escreveu em 1921: “O irmão Nicolau é demasiadamente grande para ser apenas suíço. Ele pertence ao mundo todo”.


Hoje, existem em quatro continentes centenas de igrejas, capelas e escolas consagradas ao santo da paz, Nicolau von Flüe, inclusive, em São Carlos-SP, a Igreja de São Nicolau de Flüe, no bairro de Vila Carmem.


 

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