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Foto do escritorJoka Madruga

Santa Francisca Romana

09 de março

Com um manto estranho bruto, de cor verde escuro, Francisca passa pelas vielas de uma Roma órfã da sua antiga majestade: passa, rapidamente, entre as ruínas de muros desabados, onde, uma vez, reinava a glória de igrejas e palácios; depois, no início do século XV, tornaram-se uma deteriorada miséria.


Não obstante, suas vestes que usava, embora pobres, se desentoavam com a atitude de uma mulher, de cerca trinta anos, bela mas não vistosa, elegante mas sem frieza. Trata-se de Francisca Bussa, da família dos Ponziani, nobre romana, esposa de Lourenço, jovem de uma prestigiosa linhagem. Seu comportamento “original” suscita gozação entre os senhores e mexericos sarcásticos entre as matronas. Enfim, era vista como traidora da própria casta.


O Palácio dos pobres


Sem se importar pelas conversas fiadas, ela continuava a conquistar todos com graça invejável. Francisca não só transformou o Palácio de Trastevere, onde vivia em uma espécie de “central” de assistência aos pobres – até o mais miserável dos pobres sabia que ali, na casa Ponziani, podia encontrar um pedaço de pão, um copo de vinho, roupa decente e um pouco de dinheiro – mas até estendia a mão na saída das igrejas ou ia bater às portas dos seus nobres conhecidos para pedir esmola, no lugar de quem se envergonhava de fazê-lo.


Diante desta sua atitude anticonformista, também seus familiares se rendem. Certa vez, seu sogro, cansado de dar contínuas esmolas aos mendigos, tirou-lhe as chaves das dispensas e esvaziou os celeiros da família; no entanto, após alguns dias, os celeiros, onde havia permanecido somente cascas de milho, se encheram, novamente, de quintais de ótimo trigo, que ninguém havia comprado.


A nobreza é outra coisa


Francisca era uma mulher rica e nobre diferente. Rica, mas repleta de piedade, que se preocupava com os excluídos, tratava os homens e mulheres da servidão como seus irmãos e irmãs – como eles mesmos testemunham.


Esta nobre senhora que não se apresentava com roupas de seda e joias, para não demonstrar seu status; pelo contrário, ela havia vendido tudo para saciar a fome dos pobres e cuidar dos mais necessitados; ela não mantinha a sua alegria oculta em um cofre, visível a poucos, mas em um coração totalmente aberto a todos, dia e noite, como os portões de casa, sem deixar de mãos vazias aquele Jesus, que se apresentava como indigente.


A “Santa de Roma”


Ao tornar-se esposa e mãe, em idade muito jovem, Francisca foi sempre muito carinhosa com o marido e com seus três filhos, dos quais dois faleceram cedo.


Desde criança, queria consagrar-se à vida religiosa, mas o matrimônio fazia parte de um daqueles clássicos acordos da época, entre as famílias importantes. Por isso, encontrou uma forma peculiar de viver seu papel, sem sufocar a sua inspiração de servir, resultado de uma fé composta e fortalecida de oração e de uma série de penitência físicas. São documentados ataques demoníacos contra a sua pessoa, mediante violências e torturas, mas também muitos sinais e curas extraordinárias, devido à caridade de “Ceccolella”, como era chamada.


Em 1436, ao ficar viúva, Francisca retirou-se para o mosteiro das “Oblatas da Santíssima Virgem”, que havia fundado, onde faleceu em 9 de maço de 1440. Por três dias seguidos, multidões de pessoas faziam fila para o último adeus comovido àquela que todos já consideravam “Santa de Roma”.


Fonte: Vatican News

 

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