Quem é Jesus para mim?
Segui-lo é um ato livre e consciente
O momento central no evangelho de Marcos é quando Jesus pergunta aos discípulos sobre sua identidade (Mc 8,27-35) e a resposta de Pedro é fundamental: “Tu és o Messias!”. Ele reconhece bem quem o chamou, mas se equivoca ao pensar que Jesus não sofrerá em sua missão salvadora. Certamente proferiu sua fé no Cristo inspirado pelo Espírito, porém não entendeu que Jesus é o “Servo sofredor” já preanunciado em Isaías 50,5-9.
O cristão tem o dever de responder à pergunta do Messias em sua vida diária, pois disso, depende seu envolvimento com a essência batismal. E não é qualquer resposta que damos ao Senhor, mas aquela que brota de uma intimidade ímpar, inédita de quem se entregou ao mistério e decidiu seguir Cristo em todas as horas.
É fácil dizer que Jesus é meu salvador e messias, isto qualquer batizado na Igreja consciente ou não faz. Mas a questão central é se a fé em Jesus está solidificada em obras. “Que adianta alguém dizer que tem fé, quando não a põe em prática? Assim também a fé, se não se traduz em obras, por si só está morta” (Tg 2,14-18). E quanta fé realmente está enterrada em nossas comunidades. Quantas falas em nome de Jesus sem conteúdo, sem firmeza, quantas falácias e justificativas. Quantas negações como as de Pedro querendo apenas um Jesus triunfalista livre de sofrimento, um Deus inacessível que não toca a carne humana. De certa forma, nos identificamos com o discípulo pois, muitas vezes “nossos testemunhos de Cristo são imaturos e imperfeitos” (D. R. Sklba)
Jesus é Deus humano, encarnado, misturado nos sacrifícios que fazemos. Deus que caminha, se alegra e olha firme nos olhos dos indecisos restituindo-lhes a confiança. Não seguimos um Jesus acomodado e sim o Crucificado. As renúncias são condições para estar com Ele. Não podemos trair Cristo com nossas desculpas. Segui-lo é um ato livre e consciente.
O que dizemos quando nos interrogam sobre nossa profissão de fé? Responder sobre Jesus exige um profundo convencimento do que somos e vivemos. Ser cristão não é difícil, mas viver como cristão é o desafio, sobretudo quando confrontamos a sociedade opressora.
Paz e bênçãos!
Padre Nilton Cesar Boni, cmf
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